A pecuária brasileira é hoje uma das mais modernas do mundo. O alto padrão da sanidade e qualidade dos produtos de origem bovina, suína e de aves elevou as exportações do complexo carne a US$ 4,1 bilhões em 2010, com um aumento de 31% em comparação com o resultado de 2009. Com isso, o Brasil passou a liderar o ranking dos maiores exportadores de carne bovina e de frangos.
As exportações de carne bovina in natura e industrializada cresceram 40% em 2009, chegando a US$ 1,5 bilhão. Em volume, totalizaram 1,4 milhões de toneladas e foram embarcadas principalmente para Chile, Países Baixos, Egito, Reino Unido, Itália, Arábia Saudita e Alemanha, entre outros. Esse desempenho colocou o país em primeiro lugar no ranking mundial das vendas do setor, superando a Austrália, até então o líder no comércio internacional do produto.
Em 2009, o país assumiu ainda a liderança do ranking dos maiores exportadores do setor avícola, com crescimento de 20% em relação a 2008. As exportações brasileiras de frango in natura e industrializado somaram US$ 1,8 bilhão, representando cerca de 2 milhões de toneladas. A maior parte dos embarques foram para a Arábia Saudita, Japão, Países Baixos, Alemanha, Rússia e Hong Kong.
O Brasil também registrou crescimento nas vendas externas de carne suína, que aumentaram 12%, chegando a US$ 526 milhões - ou cerca de 550 mil toneladas. Rússia, Hong Kong, Argentina, Cingapura e Uruguai foram os principais importadores da carne suína brasileira.
As exportações de couros cresceram mais de 10,2% em 2009, saltando a US$ 1,06 bilhão. O couro acabado foi o que apresentou o melhor resultado, ampliando seu volume de negócios em 29,5%, o que correspondeu a quase US$ 469 milhões. Com isso, atingiu 44% da exportação total de couros. As vendas externas dos produtos de couro foram de quase US$ 1,4 bilhão no ano passado. Os calçados de couro representaram 91,5% das exportações. Os Estados Unidos compraram 91,5% de todos os produtos de couros, seguidos do Reino Unido e Canadá.
SOJA /AULA DE INTRODUÇÃO A AGRICULTURA
Originária da China, a soja é hoje o principal grão do agronegócio brasileiro. O país é o segundo maior produtor mundial da oleaginosa, com uma safra de 52 milhões de toneladas e uma área plantada de 18,4 milhões de hectares na temporada 2008/2009.
A soja é conhecida há mais de cinco mil anos. No Brasil, chegou em 1882, quando foi introduzida no tórrido território baiano. A partir de 1940, começou a ganhar importância na agricultura. Passado quase 64 anos transformou-se no maior destaque do agronegócio brasileiro. No ano passado, o Brasil assumiu a liderança no mercado internacional do complexo soja - grãos, farelo e óleo, com exportações de US$ 8,1 bilhões, 31% acima do valor alcançado em 2009.
A expansão do plantio de soja é um dos maiores exemplos do potencial e vocação agrícola brasileira. Até a década de 80, as lavouras da oleaginosa se concentravam nos estados do Sul - Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Graças ao desenvolvimento de cultivares adaptados ao solo e ao clima das diferentes regiões brasileiras, a soja se espalhou também pelo Centro-Oeste, nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e no Distrito Federal, além de parte do Nordeste - principalmente no oeste da Bahia e no sul do Maranhão e do Piauí.
O crescimento da soja no Brasil também foi fantástico. Em 2000/2001, a colheita foi de 15,3 milhões de toneladas, com uma área plantada de 9,7 milhões de hectares. Com a safra de 52 milhões de toneladas em 2009/10, a produção mais do que triplicou em 10 safras, em conseqüência dos ganhos de rendimento.
SUCOS E FRUTAS / AULA DE INTRODUÇÃO A AGRICULTURA
A fruticultura é estratégica para o agronegócio brasileiro. Com um superávit de US$ 267 milhões em 2008, o setor ocupa uma área de 3,4 milhões de hectares. A produção de frutas permite obter um faturamento bruto entre R$ 1 mil e R$ 20 mil por hectare. Hoje, o mercado interno absorve 21 milhões de toneladas/ano e o excedente exportável é de cerca de 17 milhões de toneladas.
Com uma fruticultura diversificada, o Brasil é um dos maiores pólos mundiais de produção de sucos de frutas. No ano passado, as exportações do setor alcançaram US$ 1,25 bilhão. Do total, 95,5% corresponde a suco de laranja, do qual o país é o maior produtor e exportador. O setor gerou receitas cambiais de US$ 1,2 bilhão em 2009, um resultado 14,6% acima do valor vendido ao mercado externo em 2008. Os principais destinos foram Bélgica, Países Baixos, Estados Unidos e Japão.
O Brasil é o terceiro pólo mundial de fruticultura, com uma produção anual de cerca de 38 milhões de toneladas. Em 2009, as vendas externas de frutas frescas alcançaram US$ 335,3 milhões, com um aumento de 39% em comparação aos US$ 241 milhões obtidos em 2008. Neste ano, devem crescer algo em torno de 15%, chegando a US$ 375 milhões. Com isso, torna-se cada vez mais factível a meta brasileira de elevar a US$ 1 bilhão as exportações de frutas frescas até o final desta década.
Consciente do enorme potencial do país na área de fruticultura, com plenas condições de ampliar sua participação no mercado internacional, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e os produtores do setor estão investindo em um sistema de cultivo de frutas de alto padrão de qualidade e sanidade. É o programa de Produção Integrada de Frutas (PIF), que prevê o emprego de normas de sustentabilidade ambiental, segurança alimentar, viabilidade econômica e socialmente justa, mediante o uso de tecnologias não agressivas ao meio ambiente e ao homem.
As frutas cultivadas no sistema de produção integrada vão para o mercado com um selo de conformidade, atestando a sua qualidade e sanidade. Desde que foi implantada, a PIF permitiu uma redução de 63% no uso de agrotóxicos nos pomares de manga; de 50% no mamão; de 32% na uva; e de 30% na maçã.
PRODUTOS FLORESTAIS / AULA DE INTRODUÇÃO A AGRICULTURA
A indústria brasileira de papel e celulose tem vocação exportadora, graças a sua competitividade, o que tem se refletido no aumento de sua participação no comércio internacional. Em 2009, as exportações de celulose cresceram mais de 50% em relação ao ano anterior, saltando de US$ 1,1 bilhão para US$ 1,7 bilhão. Os principais destinos foram Estados Unidos, China, Japão e países da União Européia. Já as vendas externas de papel chegaram a US$ 1 bilhão em 2009, 21,5% acima do valor comercializado em 2008, de US$ 900 milhões.
Papel, celulose, madeiras e suas obras compõem um importante item da pauta de exportações brasileiras. No ano passado, o país exportou US$ 4,9 bilhões de produtos florestais, representando um aumento de 28,6% em comparação ao valor alcançado em 2009.
As exportações de madeira e suas obras aumentaram 18,4%, passando de US$ 2,2 bilhões em 2008 para US$ 2,6 bilhões em 2009. Os Estados Unidos é o principal comprador brasileiro, absorvendo 44% das vendas. Outros importantes destinos foram Reino Unido, China, Bélgica, França, Japão e Espanha.
ALGODÃO / AULA DE INTRODUÇÃO A AGRICULTURA
O cultivo de algodão no Brasil deve dar um salto nos próximos anos. A expansão do plantio indica que o país também poderá assumir papel de destaque na cotonicultura mundial. As plantações têm crescido especialmente em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e na Bahia. Com alto grau de tecnologia, as lavouras de algodão apresentam resultados animadores em termos de produção e produtividade.
As exportações da pluma dobraram em apenas uma safra, passando de US$ 93 milhões em 2008 para US$ 188,5 milhões em 2009. Na temporada 2009/10, o país deve produzir 1,2 milhões de toneladas do produto em pluma, contra 847,5 milhões de toneladas do período anterior. Isso representa um crescimento de 46,3%, o que significou um acréscimo de 392,6 milhões de toneladas na produção de algodão. A área plantada deve passar de 735,1 milhões de hectares para 1 milhão de hectares.
CACAU / AULA DE INTRODUÇÃO A AGRICULTURA
Bebida sagrada para os povos indígenas da América, o cacau passou a ter importância comercial no Brasil dos fins do século XVII. Embora tenha sido cultivado inicialmente no Norte do país, o cacau só ganhou força depois de ser introduzido no sul da Bahia, onde encontrou as condições naturais favoráveis para se expandir. Até hoje, a região é a principal pólo de produção da cacauicultura, setor cuja trajetória teve importante participação na economia e na política brasileira das últimas décadas. As exportações de cacau e seus derivados aumentaram 55,4% em 2010, saltando de US$ 206 milhões em 2009 para US$ 321 milhões no ano passado.
AGRICULTURA ORGÂNICA / AULA DE INTRODUÇÃO A AGRICULTURA
O aumento crescente da demanda por produtos livres de agrotóxicos tem impulsionado a agricultura orgânica no Brasil. Sistema de manejo sustentável que dispensa o uso de agrotóxicos sintéticos, esse sistema agrícola privilegia a preservação ambiental, a biodiversidade, os ciclos biológicos e a qualidade de vida do homem. Com uma área plantada de 842 mil hectares, o setor movimentou cerca de US$ 1 bilhão em 2010. O país tem 19 mil propriedades orgânicas certificadas e 174 processadoras espalhadas em diversas regiões do país.
A agricultura orgânica brasileira cresce a uma taxa anual de 20% e já tem grande participação no mercado interno e, em breve, deve ampliar sua presença no mercado internacional. A crescente demanda por produtos orgânicos está fortemente relacionada ao aumento da exigência dos consumidores, internos e externos, com a qualidade dos alimentos e com os impactos da agricultura sobre o meio ambiente. A expansão da agricultura orgânica também pode ser atribuída ao desenvolvimento de um mercado mais justo para produtores e consumidores, que é altamente gerador de empregos.
Em 2003, o Brasil aprovou uma lei específica para a agricultura orgânica. Ao mesmo tempo, elaborou um plano de trabalho para executar o Programa de Desenvolvimento na Agricultura Orgânica, contemplado no Plano Plurianual 2004-2008. Com isso, o governo brasileiro valoriza o segmento, estruturando o gerenciamento físico e financeiro das ações para a área.
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO / AULA DE INTRODUÇÃO A AGRICULTURA
O conhecimento e tecnologia são instrumentos imprescindíveis ao crescimento sustentável do agronegócio do Brasil. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem papel fundamental no desenvolvimento de pesquisas e na produção de novas técnicas agrícolas e pecuárias, além de contribuir com a agroindústria.
Reconhecida como uma das grandes responsáveis pelo aumento da produção brasileira de grãos, que atingiu 9,5% em 2009, a Embrapa lidera o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA). Essa rede engloba, além das unidades de pesquisa e desenvolvimento da empresa, centros de pesquisa agropecuária estaduais, algumas universidades brasileiras e outras instituições privadas. Também fazem parte do sistema os Laboratórios Virtuais no Exterior (Labex) da Embrapa, implantados atualmente nos Estados Unidos e na Europa (França).
Estudos de simulação feitos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) demonstraram que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento podem elevar a produção de grãos no Brasil a 295 milhões de toneladas com a utilização da tecnologia já disponível, hoje usada apenas por uma parte dos produtores brasileiros. De acordo com especialistas da área, a Embrapa desenvolve 52% dos projetos em agricultura no Brasil. Governos estaduais contribuem com 20%. Universidades, com 21%.
As variedades de sementes desenvolvidas pela Embrapa representaram 77% das variedades de arroz oferecidas no Brasil entre 1976 e 2009; 30% do feijão; e 37% da soja. Entre os materiais desenvolvidos pela empresa até 2009 são contabilizadas 91 variedades de arroz, 36 de feijão, 68 de milho, 87 de trigo, 37 de algodão e 210 variedades de soja.
O imenso potencial do agronegócio brasileiro, aliado à capacidade instalada de suas instituições e à reconhecida criatividade de seus pesquisadores, abrem enormes possibilidades de investimentos externos e privados em pesquisa e desenvolvimento no país. Cosméticos, nutracêuticos, uso da biotecnologia para desenvolvimento de raças e variedades resistentes a parasitas, doenças, pragas, estresse hídrico e secas prolongadas, juntamente com informática agropecuária e agricultura de precisão, são algumas das áreas que apresentam as melhores oportunidades de investimento por intermédio de parceria público-privado para a geração de conhecimento técnico-científico